segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Reféns do Aedes Aegypti

Quando falamos de epidemias na história do Brasil, a primeira a ser lembrada é a febre amarela. Transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, chegou ao Brasil no século XVII em navios que vinham da África. Os primeiros casos datam de 1685, no Recife, e de 1692, na cidade de Salvador.
Durante o século XVIII, não foram relatados casos dessa doença no Brasil. Ela retornou apenas entre 1849 e 1850, na forma de uma grande epidemia, que atingiu quase todo o país. Uma das cidades mais atacadas foi o Rio de Janeiro.
Esse surto epidêmico obrigou o Império a tomar providências que podem ser consideradas de saúde pública. O governo, por meio de um decreto, tentou limpar as cidades purificando o ar. Mas, mesmo assim, a febre amarela continuou a atacar. Não se imaginava que a causa da doença era um mosquito. Depois de 1850, ela se tornou endêmica no Rio de Janeiro.
O número de vítimas aumentou assustadoramente. Entre 1880 e 1889, foram registrados 9.376 casos.
A solução para a febre amarela surgiu apenas no final do século XIX. Até essa época, as teorias sobre a doença eram inúmeras. No Brasil, acreditava-se que o clima, o solo e os ares poderiam ser propícios ao seu surgimento; por isso a idéia de limpar o ar. Foi em Cuba que um cientista descobriu que a febre amarela era transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Oswaldo Cruz já tinha conhecimento do trabalho desenvolvido em Cuba e, quando iniciou sua luta para acabar com a febre amarela na cidade do Rio de Janeiro, recebeu amplo apoio do presidente Rodrigues Alves, que havia perdido um dos filhos por causa dessa doença.
Esse apoio político foi muito importante para que a ação do sanitarista tivesse resultados, pois, nos meios científicos, muitos médicos não acreditavam que um mosquito era o transmissor da febre amarela.
Para combater a doença e o mosquito, Oswaldo Cruz dividiu a cidade em distritos e organizou as chamadas “brigadas mata–mosquitos”.
As “brigadas” tinham o poder de invadir e isolar qualquer residência suspeita de abrigar focos do mosquito.
As medidas de profilaxia de Oswaldo Cruz tiveram características de uma campanha militar
. Os doentes eram isolados, e a cidade ficou sob a constante vigilância das autoridades policiais e sanitárias.
...
Novamente o Mosquito Africano volta a assolar o Brasil.
A epidemia agora é a dengue, em sua forma hemorrágica.
...
Pesquisas buscam predadores naturais ao mosquito
Libélula pode combater o mosquito da dengue
Inseto é predador natural do Aedes aegypti e, de acordo com professora da UFRJ, teria condições de ser usado para impedir a proliferação da doença. Para comprovar a teoria, são necessárias pesquisas complementares
O conhecido raciocínio ecológico de que nada melhor do que um predador natural para combater outro ser vivo transmissor de doenças pode ser aplicado à luta contra a dengue, segundo a professora Janira Martins, do Departamento de Entomologia do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Baseada em estudos, ela acredita que as libélulas ou zigue-zague, nome popular de insetos pertencentes à ordem Odonata, são inimigos mortais de mosquitos como o Aedes aegypti, transmissor da dengue. Somente no ano passado, a Secretaria de Saúde do Recife notificou 2.414 casos da doença, dos quais 1.938 foram confirmados, sendo 24 do tipo hemorrágico.
As libélulas e o Aedes aegypti têm muito em comum. Na fase aquática, ainda como larvas, geralmente encontram-se em rios, riachos, lagoas ou em simples recipientes que acumulam água parada. No mundo inteiro, estima-se que haja pelo menos dez mil espécies de libélulas. “O mais importante desses insetos é o papel de mantenedores da cadeia biológica, contribuindo para o equilíbrio do ecossistema”, explica Janira Martins, que está ministrando um curso de extensão na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
De acordo com ela, o ciclo biológico das libélulas é curto, variando entre quatro a 14 meses. Depois de adultas, vivem até 35 dias. Já o Aedes aegypti sobrevive, em média, 45 dias depois que se transforma em mosquito. “Apesar de a população dos mosquitos aumentar progressivamente, as libélulas das famílias Aeshnidae, Libellulidae e Coenagrionidae são, comprovadamente, predadoras diretas do mosquito da dengue, tanto na fase jovem quanto na adulta”, afirma Janira.
Ela busca financiamento para continuar a pesquisa sobre o assunto. Se conseguir apoio, a próxima etapa será estudar em laboratório o comportamento do mosquito da dengue. E o passo seguinte será a construção de um libelurário, a fim de permitir a criação dos insetos predadores do Aedes aegypti em maior escala. A pesquisadora defende uma maior interação entre Governo e universidades para incrementar os estudos e intensificar o combate à dengue. “A pesquisa é lenta, mas é preciso investir nisso”, argumentou.
...
...
Uma certeza nós temos, o período chuvoso está chegando e a pandemia de H1N1, do qual nós somos líderes em casos fatais, não vai ser nada comparado ao caos que será causado pela dengue hemorrágica.

Um comentário: